Coreia do Norte – Como viajar para lá (Parte 10)

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Com tantos lugares paradisíacos no mundo, o que faria alguém ter o desejo de viajar para a Coreia do Norte? Bom, se você já cogitou isso alguma vez na vida, então sabe exatamente o motivo. Nesse post, vou dar todas as dicas do que é preciso para concretizar sua viagem.

Antes de começar a calcular os custos e outras coisas mais, é preciso entender que a RPDC (Coreia do Norte) não é um lugar turístico comum. Esqueça a coisa de ir por conta própria, fazer seu próprio roteiro, escolher o que comer ou o que fazer em cada dia e, principalmente, saiba que você jamais poderá andar livremente pela cidade – o que não será problema para quem quer de fato conhecer esse país incrível e tem ideia do que esperar.

Outro ponto importantíssimo é ter a mente aberta para tentar compreender e, principalmente, respeitar as peculiaridades do país e de seu povo. Esteja preparado para prestar reverência às estátuas dos Grandes Líderes e colocar flores a seus pés. Se, por motivos religiosos ou por qualquer outra razão, você se negar a fazer isso, pode ser um grande problema. Calma, você não será preso, mas sua viagem será muito desagradável e, bem possivelmente, irão proibir diversas coisas, o que comprometeria totalmente o passeio. Então, preste reverência, leve flores e, na medida do possível, ache algo que de fato achou interessante ou bonito e elogie. Não precisa ser falso, apenas mostre-se aberto a entender e respeitar a cultura deles, isso te abrirá muitas portas e você poderá aproveitar muito mais.

Grande Monumento de Mansu Hill. Aqui, você irá prestar reverência e levar flores aos pés da estátua. Foto: Arquivo pessoal

Não menos importante: respeite as regras. O país tem várias que não fazem o menor sentido para nós, no entanto, não questione e respeite. Você ganhará a confiança dos guias e sua viagem será muito prazerosa.

Como chegar na Coreia do Norte

Só é possível chegar à Coreia do Norte pela China. Sei que a Coreia do Sul parece bem mais perto, no entanto, a Coreia do Norte só tem acordo com a China para viagens, uma vez que a China é uma grande parceira da RPDC.

Você poderá escolher como chegar a Pyongyang a partir de Pequim (China): avião ou trem. De avião, o custo é mais alto, algo como 150 euros a mais, e leva cerca de duas horas. De trem é mais em conta e leva 24 horas. Por mais cansativo que pareça, os trens têm cabines com camas e você pode ir dormindo confortavelmente. Além disso, há a oportunidade de conhecer norte-coreanos no trem e, principalmente, ver a vida no interior do país, o que, para quem realmente quer conhecer a Coreia do Norte, é uma opção bem interessante.

Algumas pessoas optam por ir de avião e voltar de trem, ou vice-versa. Eu fui e voltei de trem e achei bem interessante. Na ida, não tirei fotos e não gravei nenhum vídeo, pois queria entender melhor as regras e os critérios. Já na volta, registrei quase o caminho inteiro.

Você também poderá escolher em qual hotel deseja ficar em Pyongyang. Normalmente, duas ou três opções são oferecidas. Os hotéis geralmente contam com diversos serviços, como karaokê, boliche, piscina e sauna, além de lojas e restaurantes. Já que você não pode sair de lá quando bem entender, eles precisam compensar de alguma forma.

Contratar uma agência

Você não pode ir para a RPDC por conta própria, sendo assim, precisará contratar uma agência de turismo chinesa para providenciar toda a documentação, emissão do visto norte-coreano e, também, o relacionamento com a KITC (Korean International Tourism Company), que é a agência de turismo oficial da Coreia do Norte.

Recentemente, surgiu uma agência brasileira que fecha pacotes com a Coreia do Norte. Caso queira o contato dela ou de outras agências chinesas, me mande inbox no Instagram @leonardolopes.com.br, que passo todas as dicas (optei por não colocar os nomes e contatos das agências aqui porque este não é um post comercial e não quero vincular nenhuma agência ou marca a meus artigos).

Documentação para a Coreia do Norte

Visto emitido pela RPDC

Viajar para a Coreia do Norte não é tão complicado ou burocrático como muitos pensam. Na verdade, a documentação é muito simples. Veja o que você vai precisar:

  • Passaporte válido por, no mínimo, 6 meses;
  • Nenhuma vacina especial é necessária;
  • Carta de recomendação emitida pela agência de turismo chinesa que você vai contratar;
  • Roteiro da viagem emitido pela agência chinesa;
  • Foto 3×4 com fundo branco e rosto nítido;
  • Cópia simples do passaporte;
  • Visto chinês de duas entradas. Você deverá preencher este formulário, juntar o passaporte e todos os documentos listados acima e ir até o consulado chinês para emitir um visto de turista para duas entradas na China. É muito importante seguir esta regra, pois o visto de trânsito que você consegue emitir direto e gratuitamente em Pequim não serve para ir à Coreia do Norte, uma vez que não permite sair de Pequim. Caso queira ir para Pyongyang de avião (o que não recomendo), é possível usar a China apenas como conexão de voo, sem necessidade de visto. O visto chinês de duas entradas vai te custar R$ 460,00 (valor em 2018) e sai em até cinco dias;
  • É obrigatório ter um seguro de vida (a própria agência chinesa pode contratar para você);
  • Visto norte-coreano que a agência chinesa irá providenciar.

Você também precisará levar alguns euros (não leve dólar) para usar em gorjetas e souvenirs – o valor sugerido está indicado no final do post.

Quando ir para a Coreia do Norte

Se puder escolher a data, opte pelos feriados deles, quando realizam desfiles e grandes apresentações no estádio Kim Il-sung ou na praça Kim Il-sung. Têm sincronismo perfeito e são imperdíveis, embora eu tenha perdido, já que não pude viajar em nenhuma dessas datas especiais.

Parada do Dia do Sol. Fonte: CNN

As principais datas festivas deles são:

  • Dia da Estrela Luz: 14 a 19 de fevereiro
  • Dia do Sol: 14 a 19 de abril
  • Dia do Exército Popular da Coreia: 23 a 28 de abril
  • Dia do Trabalho: 30 de abril a 07 de maio
  • Dia da Vitória: 25 a 30 de junho
  • Dia da Libertação: 13 a 18 de agosto
  • Dia Nacional da RPDC: 08 a 15 de setembro
  • Dia da Fundação do Partido: 08 a 13 de outubro

Além disso, caso você seja um esportista, uma boa oportunidade é correr a Maratona de Pyongyang, que ocorre entre os dias 07 a 10 de abril.

O que fazer na Coreia do Norte

O Palácio do Sol de Kumsusan é o local mais sagrado da Coreia do Norte. Lá estão embalsamados e expostos para visualização os corpos dos Grandes Líderes Kim Il-sung e Kim Jong-il. Foto: Arquivo pessoal

Normalmente, os roteiros são fechados pela agência e você pode escolher apenas a quantidade de dias e qual roteiro diário fazer. Os que eu considero essenciais são:

  • City tour: Arco do Triunfo, Biblioteca Nacional, metrô, Palácio do Sol de Kumsusan e Cemitério dos Mártires. Também inclui andar pelas ruas, conhecer o bairro novo dos professores e artistas, livraria, café, Museu da Guerra, Praça Kim Il-sung, Torre Juche, Exibição de Flores Kim Il-sung e Kim Jong-il, Monumento à Fundação do Partido, Exibição Cultural de Pyongyang, ir a um bar e, claro, conhecer o Grande Monumento de Mansu Hill;
  • Kaesong: para visitar a Zona Desmilitarizada (DMZ), além de conhecer a cidade, o Museu Koryo e a tumba do último imperador da Coreia;
  • Hyangsan: para conhecer a Exibição Internacional da Amizade, um lindo e imenso palácio com mais de 100 mil presentes recebidos pelo Grande Líder, e o Monte Myohyang;
  • Assistir alguma apresentação ou desfile, caso consiga ir durante alguma das datas festivas que listei acima.

Exibição Internacional da Amizade. Foto: Arquivo pessoal

Quanto custa ir para a Coreia do Norte

Essa talvez seja a principal dúvida das pessoas, depois de descobrir se é seguro ir para lá.

Os custos são basicamente estes, para uma viagem de 5 dias e 4 noites:

  • Passagem aérea para Pequim: entre 1.000 e 1.500 euros, dependendo da época de compra, companhia aérea e antecedência. Para a conta final, vou considerar 1.250 euros;
  • Pacote com a agência: entre 1.200 e 1.700 euros, dependendo da agência e se você deseja ir de avião ou trem. Irei considerar 1.350 euros;
  • Visto chinês: 100 euros;
  • Visto RPDC: 60 euros;
  • Entrada em alguns pontos turísticos, mais as flores: em alguns lugares, você precisará pagar uma entrada ou terá a opção de pagar para ir a algum ponto mais interessante, como no caso de subir a Torre Juche. Eu reservei 50 euros para isso e foi o suficiente;
  • Gorjetas: 150 euros (50 para o motorista e 50 para cada guia, que serão sempre dois);
  • Souvenirs: A agência nos recomendou 50 euros por dia, o que daria 250 euros. No entanto, não gastei nem 100 euros. Isso varia muito de pessoa para pessoa, sendo assim, vou considerar 150 euros.

Total: 3.110 euros, aproximadamente – na conversão atual do euro turismo (R$ 3,90), cerca de R$ 12.000.

Esse valor pode sofrer alterações para mais ou para menos, dependendo do tamanho do grupo, data, período de permanência, agência contratada, hotel escolhido e transporte para Pyongyang, mas serve como referência.

Espero ter ajudado com essas dicas. Caso queira saber mais ou tirar algumas dúvidas, fique à vontade para me mandar um inbox em @leonardolopes.com.br no Instagram.

Boa viagem!

Começar a série pela Parte 1 (Mitos e Verdades)

 

 


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