Abbey Road e a Lenda ‘Paul is dead’ – Londres Inglaterra

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A capa do álbum Abbey Road dos Beatles é certamente um ícone do maior hoax de todos os tempos: o de que Paul McCartney teria morrido em 1966 e teria sido substituído por um sósia. Além disto, os próprios Beatles teriam deixado diversas mensagens subliminares para dizer a verdade para os seus fãs. Em 2016 eu fui até Londres e não pude deixar de passar por esta histórica rua e viver um pouco desta insana história.

The Beatles

Capa do Álbum Abbey Road, 1969.

John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr formaram em 1960, em Liverpool, Inglaterra, a mais importante banda de todos os tempos: Os Beatles. Para você ter uma ideia da importância desta banda, eles são simplesmente a banda que mais vendeu álbuns na história, com mais de 800 milhões de álbuns vendidos até 2013, e considere que centenas de milhões foram vendidos no formato LP (vinil) numa época em que as pessoas escolhiam a dedo onde iriam gastar seu dinheiro comprando música. Eles também detém o recorde de músicas na Billboard Hot 100 com 20 músicas entre as mais tocadas de sua época. São inúmeros títulos e recordes que fazem desta a banda mais influente de todos os tempos.

A banda oficialmente acabou em 1970 com a saída de John Lennon, o líder da banda, que viria a falecer assassinado em 8 de dezembro de 1980 em frente ao edifício Dakota, em Nova Iorque, colado com o Central Park, local que reserva algumas homenagens a ele, como um mosaico escrito Imagine, em referência a uma de suas mais conhecidas músicas da carreira solo, e uma parte do Central Park chamada “Strawberry Fields” em referência à música “Strawberry Fields Forever”, um dos maiores clássicos dos Beatles e também parte de uma teoria de conspiração que diria que Paul McCartney estaria morto.

Imagine – Central Park, próximo ao Edifício Dakota, Nova Iorque. Foto: Arquivo Pessoal

Strawberry Fields, Central Park, Nova Iorque. Foto: Arquivo Pessoal

Em 2001 George Harrison morreu de câncer do pulmão e, desta maneira, atualmente os únicos dois Beatles vivos são Ringo Starr e Paul McCartney … será? 

Paul is Dead

Segundo a lenda, Paul teria morrido em um acidente de carro em 1966 sendo substituído por um sósia que precisou ser treinado para tocar como ele, cantar como ele e ter todos os trejeitos dele. Por mais insano que isto possa parecer, milhões de pessoas acreditaram nesta teoria de conspiração que mantém adeptos até os dias de hoje.

Paul McCartney realmente bateu o carro neste ano, mas sofreu apenas algumas escoriações e quebrou um dente.

As “provas” para isto seriam inúmeras, começando pelo fato da banda ter dado uma longa pausa de mais de um ano neste período por questões técnicas, mas que para os conspiradores, foi o período necessário para o sósia fazer algumas plásticas e “treinar” para ser Paul. Além disto, após este período, diversas músicas e capas de álbuns teriam feito referências à morte de Paul McCartney, como os álbuns Rubber Soul, Revolver, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e claro, a mais famosa de todas: Abbey Road.

Atravessando a Abbey Road, Londres – Inglaterra. Foto: Arquivo Pessoal

Abbey Road é uma importante gravadora que fica na rua que leva o seu nome em Londres, Inglaterra. Nesta gravadora, os Beatles gravaram importantes músicas como All You Need Is Love, que também foi a primeira transmissão Mundial ao vivo via-satélite, em 25 de junho de 1967.

Lançado em 26 de setembro de 1969, o álbum Abbey Road vendeu quatro milhões de cópias em três meses e liderou as paradas do Reino Unido por um total de dezessete semanas.

Mensagens subliminares da capa Abbey Road.

Na foto icônica, os quatro beatles estão atravessando a rua que leva até os estúdios, mas alguns detalhes da foto seriam importantes indicativos de que Paul McCartney teria morrido, e são eles:

  • Na capa com os Beatles atravessando a rua, Paul está com o passo trocado em relação aos outros, é o único fumando e está descalço (os mortos são enterrados descalços em algumas culturas), além de estar com os olhos fechados.
  • John Lennon, de branco, representaria um Anjo ou Deus; Ringo, o agente funerário; Paul, o cadáver e George, o coveiro.
  • O cigarro que Paul segura está na mão direita. o Paul verdadeiro era canhoto, estaria com o cigarro na outra mão.
  • A placa do fusca branco estacionado na rua que é chamado de “Beetle” é “LMW” referindo se as iniciais de “Linda McCartney Widow” ou “Linda McCartney Viúva” e abaixo o “281F”, supostamente referindo-se ao fato de que McCartney teria 28 anos se (if em inglês) estivesse vivo.
  • Na letra de “Come Together”, “one and one and one is three” ou “um mais um mais um são três”, referência aos três Beatles restantes, ou seja só o John, George e Ringo.
  • Na contracapa, ao lado direito da palavra Beatles, uma imagem feita de luzes e sombras aparece. Trata-se de uma caveira, claramente, com dois olhos e boca e ao lado esquerdo haveria 8 pontos formando o número 3 (sendo então “3 Beatles”).

Segundo os conspiradores, os beatles teriam se arrependido de substituir Paul por um sósia só para honrar os contratos que tinham com as gravadoras e teriam tentado revelar a verdade aos fãs via mensagens subliminares nas capas de álbuns e músicas, que destaco alguns exemplos:

A capa de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band seria o funeral de Paul.

  • A capa do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band é, na realidade, o desenho de uma sepultura (a de Paul) com todas aquelas pessoas olhando (note os arranjos de flores típicos de um funeral). A capa ainda teria dezenas de outras mensagens subliminares que “provariam” que Paul estava morto.
  • Na música Strawberry Fields Forever, onde John Lennon, ao final, diz “I Buried Paul” (Eu enterrei Paul). Mais tarde John revelou que na realidade a frase era “Cranberry Sauce”, um tipo de molho.
  • A música “Taxman”, do álbum Revolver, seria, na realidade, sobre um Taxidermista, pessoa responsável por empalhar animais mortos e fazer parecer que eles ainda estão vivos. Na letra há referências ao acidente de Paul (“if you drive a car”, “se você dirige um carro”) e ao fato de Paul estar morto (“if you get too cold”, “se você ficar frio”). A melhor pista é “my advice to those who die taxman..”, ou seja “meu conselho para aqueles que morrem, um taxidermista” (para que o morto continue parecendo vivo).

São dezenas de mensagens subliminares que “provariam” que os Beatles estavam tentando revelar a verdade para os fãs e por décadas todas elas foram obviamente desmentidas e desacreditadas pelos próprios Beatles, que diziam que se tratava apenas de interpretações criativas e conexões malucas feitas por pessoas que deviam ter usado muitas drogas.

Porém, segundo Bruce Spizer, um dos maiores pesquisadores sobre os Beatles no mundo, tudo foi minuciosamente plantado pelos próprio Beatles.

O maior hoax de todos os tempos

Bruce Spizer conta que Paul McCartney teria admitido em 2004 o que ele e muitos já suspeitavam: os próprios Beatles teriam plantado todas estas referências, e muitas que nunca foram encontradas, como forma de alavancar as vendas dos próximos álbuns que seriam lançados após uma guinada que os garotos de Liverpool resolveram dar no seu estilo musical.

Spizer conta que o empresário Brian Epstein, após ter ouvido a música “Paperback Writer” não gostou nada e disse que não iria vender pois o público esperava por canções de amor e não que falassem sobre um escritor de romances. Além disto, a sonoridade dos Beatles tinha mudado consideravelmente, eles estavam começando a abandonar o “iêiêiê”, que embalou seus primeiros álbuns, para músicas mais complexas e de arranjos mais elaborados.

Como os quatro beatles estavam determinados a dar esta guinada na carreira, Brian teria pensado numa fórmula para evitar que tudo pudesse ser um grande fracasso e resolveu criar a lenda da morte de um dos integrantes. Após Ringo e George desistirem por superstição, Paul aceitou na hora e começaram a planejar, elaborar músicas, colocar mensagens subliminares ao tocar alguma música de trás para frente, preparar fotos e ilustrações para os próximos alguns que deixassem estas pistas de forma muito sutil mas que, certamente, seriam captadas por alguém que alimentaria espontaneamente a teoria de conspiração.

Uma das primeiras ações produzidas teria sido uma das fotos enviadas para ser a capa do álbum Yesterday and Today, que de pé parece apenas os beatles sentados sobre uma caixa de equipamentos musicais, mas que se virada de lado, mostraria Paul dentro de um caixão.

Capa enviada e muito rara / capa que foi utilizava em maior escala.

Capa virada de lado, Paul estaria em um caixão.

A estratégia teria realmente sido um sucesso pois de fato muitas pessoas começaram a comprar estes álbuns para constatarem elas mesmas estas “provas”, além claro, do fato de as músicas também terem sido um sucesso para o público.

Álbum Paul is Live, 1993.

De forma irônica, em 1993, Paul McCartney lançou um disco ao vivo repleto de provocações a respeito da tal teoria da conspiração, começando pelo título: Paul Is Live, que significa “Paul Está Vivo” e vai diretamente contra a forma como a teoria foi batizada: “Paul Is Dead”.

Em 2016 eu tive o prazer de assistir Paul McCartney ao vivo aqui no Brasil e, no que pude constatar, ele estava bem vivinho.

Paul McCartney no Brasil, 2017. Foto: Arquivo Pessoal

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