O perigo das bolhas sociais

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Se você é do tipo que exclui alguém de sua rede social simplesmente porque ele pensa diferente de você, você certamente está em uma bolha!

Sim, é natural nos aproximarmos de quem temos afinidades e assim formarmos grupos de amigos com interesses em comum, no entanto, o perigo da bolha existe quando não há o contraditório em nenhum de seus relacionamentos. Todos concordam entre si, dando uma falsa sensação de verdade absoluta e uma visão distorcida do mundo.

As redes sociais, em especial o Facebook, Instagram e mais recentemente o próprio Google tem trabalhado fortemente para acompanhar todos os seus passos, tudo o que você lê, curte, comenta e acessa. Até mesmo suas conversas no Whatsapp são monitoradas e utilizadas para traçar o seu perfil. Não por acaso, em sua timeline só irão aparecer coisas das quais você se interessa, dando uma falsa sensação do que acontece no mundo e gradativamente, fechando sua bolha em torno de suas ideias e opiniões já definidas.

Já experimentou estar ao lado de uma pessoa que é diferente de você e ver a timeline dela? É um outro mundo! Assuntos completamente antagônicos ao seu e que você sequer fazia ideia de que existiam. Artigos, vídeos, notícias, opiniões, um universo de ideias contraditórias tão bem elaboradas e tão bem fundamentadas quanto às suas.

Por estar em uma bolha, tanto em relacionamentos pessoais como virtuais, você não consegue lidar com o contraditório. Acha um absurdo alguém pensar diferente de você e, bem possivelmente você já esboçou mentalmente algo como: “Em que mundo esta pessoa vive? Como ela nunca ouviu falar disto? É preciso ser muito burra, muito estúpida para pensar como ela pensa”. E é neste momento que começa a intolerância!

O fato de você estar embebedado de suas verdades, suas fontes, suas opiniões e suas crenças, te impede de ter a sobriedade necessária para entender que o mundo é complexo, cheio de diferenças, de culturas distintas, de ideias que você nunca sequer chegou a cogitar. Para cada fonte confiável que você tem para endossar sua opinião, existe uma fonte tão confiável quanto para refutá-la.

Se você é evangélico, ateu, espírita, católico, budista ou muçulmano. Se você é de esquerda, conservador ou liberal. Se você é negro, oriental, caucasiano ou indígena. Se você é rico ou pobre. Se você faz parte de um grupo religioso, ideológico, étnico ou social e se limita apenas a se relacionar com pessoas que fazem parte do seu mesmo grupo, você vive em uma bolha e existe grande chance de você ser intolerante com o contraditório.

Se você tem preconceito com evangélico, faça um amigo evangélico! Vá à igreja com ele, conheça seus amigos, entenda como ele pensa e certamente sua forma de vê-lo irá mudar. Se você tem preconceito com negros, procure se aproximar, entender sua realidade, sua cultura, seus costumes, seus desafios e certamente seu preconceito irá acabar.

Não use rótulos para definir as pessoas, pois isto só faz fomentar as bolhas e criar uma sociedade binária. Não é porque alguém não tem a mesma opinião que você sobre determinado assunto que ele automaticamente é machista, xenófobo, racista ou qualquer coisa assim. Muitas vezes o que você entende por machismo ou racismo, nada mais é do que um comportamento que a pessoa, por viver em outra bolha, desenvolveu desde criança e não o faz intencionalmente. Não se pode colocar debaixo do mesmo guarda-chuvas do “racismo” uma pessoa que odeia negros a ponto de desejar que morram e outro que possui amigos negros, que não expressa nenhum tipo de ódio por negros mas apenas não tem o desejo de namorar uma negra. São situações completamente diferentes, níveis de preconceito completamente distantes um do outro e que não poderiam estar sobre o mesmo rótulo.

Não se combate preconceito com mais preconceito. A melhor maneira de se vencer o preconceito é conviver com o diferente, entender como o outro pensa e estar aberto a mudar de ideias e de atitudes.

Se por um lado as redes sociais ajudaram a tornar a sociedade mais crítica e a debater mais sobre diversos assuntos, por outro lado tem ajudado a criar bolhas cada vez mais raivosas e intolerantes.

Cabe a você selecionar melhor quem são seus amigos nas redes sociais. Ao invés de excluir quem pensa diferente de você, adicione um! Ganha você, ganha ele, e toda a sociedade agradece.

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