Mostar (Bósnia-Herzegovina) – Reconstruir, Nunca Esquecer e Continuar

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Reconstruir

Durante a Guerra da Bósnia, em 1993 o principal cartão postal da cidade de Mostar, a Ponte Velha, com mais de 400 anos de história, foi bombardeada pela artilharia Croata e causou enorme ferida no moral dos habitantes. Para nós, brasileiros, seria como alguém atacar o Cristo Redentor.

Imagem do ataque que a ponte sofreu (Foto: Reprodução)

Mesmo com sua economia devastada, com outras partes da cidade ainda sob escombros e ainda se recuperando de tantas perdas humanas, a cidade se mobilizou afim de recuperar o seu ícone, sua identidade, pois sabiam o quão importante era restaurar seu orgulho e sua moral para assim terem forças para recomeçarem suas vidas.

Ponte destruída e abandonada em ruínas  (Foto: Reprodução)

Em 2004 a Ponta Velha, agora restaurada, foi reinaugurada, após um longo processo de reconstrução minuciosa para manter as características originais da ponte que havia sido destruída.

Reconstruir é uma demonstração de força e resiliência que diz: Não quero tocar minha vida sob ruínas, quero reconquistar aquilo que um dia já tive para poder continuar a lutar por aquilo que desejo.

Não Esqueça 93  (Foto: Reprodução)

Nunca Esquecer

É possível presumir que antes da ponte ser destruída os moradores, acostumados com ela ali por gerações e gerações, sequer entendiam o quanto ela era importante para a cidade. Possivelmente a viam apenas como uma bela ponte, útil e antiga, mas sem qualquer vínculo emocional com ela.

Quando a perderam, quando sofreram com seu ataque e perceberam que isto abalou fortemente seu orgulho, seu brio, sua identidade, é que perceberam o real valor deste símbolo e decidiram por reconstruí-lo.

Outra parte com os mesmos dizeres  (Foto: Reprodução)

Para marcar este momento, existe um pedaço dos destroços da ponte com 2 morteiros cravados nele com os dizeres “Don´t Forget 93” ou seja “Não esqueça 93”, clara referência a Guerra, seus motivos, impactos e perdas.

Tão importante quanto reconstruir é também se empenhar em nunca esquecer do que nos trouxe até ali, do valor e da importância daquilo que um dia foi perdido para, assim, darmos mais valor àquilo que temos hoje e naquilo que um dia iremos conquistar.

Imagem antiga de saltadores da ponte  (Foto: Reprodução)

Continuar

A ponte foi erguida em 1557 e em 1664 consta o primeiro registro de um salto desta ponte e em 1968 houve o primeiro torneio de salto dela para o rio Neretva. Os saltos, mesmo sendo muito arriscados, acabaram virando uma tradição da cidade.

Por centenas de anos esta tradição foi mantida, inclusive durante a Guerra da Bósnia em 1993, os moradores continuavam a saltar dela como que quisessem manter intacta pelo menos a sua tradição. Quando a ponte foi fechada para restauração, esta tradição naturalmente foi interrompida. Porém, assim que foi reinaugurada os moradores não demoraram em retomar esta importante tradição, perdida e agora recuperada.

Imagem atual de saltadores da ponte  (Foto: Reprodução)

As tradições são a nossa identidade, aquilo que nos conecta ao que um dia fomos, ao que somos e ao que queremos continuar sendo. Adversidades todos enfrentamos, obstáculos todos nós tivemos e continuaremos a ter, mas continuar firme em nosso caminho, como uma forma rebelde de resiliência, é que irá mostrar para nós e para os outros o quanto amamos e temos orgulho do que somos.

Se a cidade de Mostar na Bósnia-Herzegovina tem algo a nos ensinar é isto: Reconstruir, Nunca Esquecer e sempre, sempre Continuar.

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